sábado, 24 de outubro de 2009

SP teve em média 10 acidentes com motos por dia este ano
Plantão | Publicada em 26/10/2006 às 13h00m
Cleide Carvalho e Leonardo Guandeline, O Globo Online
SÃO PAULO - Quatro acidentes com motos tumultuaram o trânsito na manhã desta quinta-feira. Um motoqueiro de 19 anos morreu e os outros três ficaram feridos, além de uma mulher que estava numa das garupas. Três dos acidentes ocorreram nas marginais Tietê e Pinheiros e o congestionamento chegou a 33 km nas duas principais artérias de tráfego da cidade. O helicóptero Águia da PM teve de pousar duas vezes na Marginal Tietê para socorrer as vítimas. Em cada uma delas, a pista ficou interditada por cerca de 40 minutos.

Os acidentes expõe um problema para o qual São Paulo ainda não encontrou solução: a fiscalização dos motoqueiros que diariamente colocam a vida em perigo nas ruas da cidade. O Resgate do Corpo de Bombeiros socorreu 2.737 motoqueiros em acidentes apenas na capital paulista de janeiro a setembro. Foram, em média, 10 por dia. No ano passado, segundo levantamento da CET, 345 motoqueiros morreram no trânsito paulistano, a maioria nas marginais.

A Prefeitura de São Paulo já tentou regulamentar a atividade dos motoboys e obrigá-los a usar equipamentos de segurança e seguir as regras do trânsito, mas a lei é desrespeitada. Na última tentativa de impor fiscalização rigorosa, em dezembro do ano passado, os motoboys pararam a cidade, interditando com suas motos vias importantes, como a Avenida 23 de Maio, em pontos diferentes. Quando a polícia chegava em um eles já estavam parando outro. Recentemente, a CET criou faixas exclusivas para motos na Avenida Sumaré, na zona oeste, e uma faixa preferencial no corredor da Avenida Rebouças.

Há ainda um problema social. Raramente os motoboys - que entregam documentos urgentes e importantes para as grandes companhias instaladas na cidade - são registrados em carteira pelas empresas terceirizadas que prestam o serviço. Eles ganham por trabalho. Quanto mais correrem para entregar, mais rápido pegam outra encomenda.

Hostilizados pelos motoristas de automóveis, muitos motoboys vão além de desrespeitar as regras de trânsito e ameaçam com chutes nos carros e retrovisores quebrados os que - por descuido - impedem sua passagem entre os veículos.

Quem anda com moto é ainda visto com desconfiança pela polícia. Muitos assaltantes usam o veículo para agir quando os carros param no trânsito congestionado. A maioria leva um garupa: enquanto um dirige a moto o outro assalta. Este foi um dos motivos que fez a Polícia Militar criar a Rocam, a ronda feita com motos nas principais avenidas e na região do Aeroporto de Congonhas. Também durante os ataques do crime organizado em São Paulo bandidos usaram moto para disparar contra policiais ou jogar bombas caseiras.

A fiscalização de motos pela polícia tem sido bem mais rigorosa. Reportagem publicada no último dia 10 pelo jornal 'Diário de S.Paulo' mostra que, por dia, cerca de 25 motos estão sendo apreendidas e levadas para o pátio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) este ano - uma média quase duas vezes superior à do ano passado.

Os acidentes desta quinta-feira começaram às 6h45m, quando um caminhão atingiu um motoqueiro perto na Ponte Atílio Fontana, acesso à Via Anhangüera. A pista da Marginal Tietê ficou interditada por cerca de 45 minutos para o resgate e o acesso à Anhangüera foi bloqueado. Perto das 9h, outro motoqueiro ficou ferido na mesma via, na altura da Ponte da Vila Guilherme, também atingido por um caminhão. A pista ficou quase uma hora interditada.

Às 9h45m, um motoqueiro morreu na Marginal Pinheiros, na altura da Ponte Cidade Jardim, depois de se envolver num acidente com dois carros. O outro acidente com moto ocorreu na Avenida 23 de Maio, perto do Viaduto Condessa de São Joaquim.